***
A vista a partir das janelas do Santiago Alquimista,
mais bonita após renovação do prédio fronteiro
Cartaz do dia
Azáfama dos preparativos
As nossas chefs alindam os petiscos para o convívio final
Combina-se a apresentação
António José Albuquerque, velho colega e amigo,
apresenta António Sampaio com duplo prazer e "pequeno escrúpulo"...
Colegas durante muitos anos, conhece bem o orador e reconhece-lhe
elevadas qualidades humanas e profissionais
Aproveita para sublinhar a tradicional ligação da medicina a valores éticos,
não obstante verificar com tristeza que não será actualmente essa a tendência prevalecente
A abrir a sua conferência, António Sampaio recordou o largo período
em que trabalhou num grande hospital psiquiátrico de Lisboa durante o qual
testemunhou o foco na humanidade do tratamento dispensado ao doente como forma de compensar a carência de meios técnicos, hoje bem mais abundantes. Na verdade, actualmente, mais depressa se recorre ao tratamento químico do que se ataca as causas sociais por detrás dos distúrbios psíquicos.
E é esse aspecto "humano" que o atrai na figura de Manuel,
o último rei de Portugal. A figura da mãe, D. Amélia, é chave decisiva
na interpretação do seu comportamento e desempenho.
Tal como agora, nesse início do sec. XX a dimensão do "déficit" constituía um pesadelo para os portugueses mas, no Parlamento, os deputados eternizavam discussões em redor de temas tão importantes como o comportamento sócio-empresarial de dois párocos de Beja...
Desde cedo, D. Manuel mostrava um comportamento cordato
e pouco dado a emoções arrebatadoras
Mas a 1 de Fevereiro de 1909, dá-se o trágico
episódio que altera radicalmente o seu destino.
O assassinato de seu pai e seu irmão mais velho
colocam-no na primeira linha de sucessão ao trono
Desde logo se destaca a sua falta de preparação para o cargo,
assim como a inadequação do seu carácter
O que faltava ao novo rei, apetência pelo cargo,
tinha a rainha-mãe em abundância
Esse carácter de ser humano "normal" é um dos destaques do interesse
de António Sampaio por esta figura na transição de regimes em Portugal
Uma proposta de governo ignorada pelo "chefe de estado"...?
O que é que isto lembra...?
Os sinais da aproximação de novos tempos...
Sem televisão, os acontecimentos não "aconteciam"...
Vêm de longe as "liberdades" reais...
Para variar, a situação política era caótica,
e a revolução de 5 de Outubro estava em marcha
O orador abordou depois o período do exílio em Inglaterra até à sua morte,
como um comum cidadão, em grande sofrimento, em casa.
Já na fase de debate, António José Albuquerque
evoca a galeria de figuras do fim da monarquia.
Há uma, o Conde de Mafra, catedrático de Dermatologia e "doenças podengas"
com um episódio delicioso em que, perante a interpelação da enfermeira-chefe queixando-se do atrevimento dos alunos palpando o "traseiro" das enfermeiras em serviço no hospital-universidade, aponta para uma de duas hipóteses: admitir apenas a presença de enfermeiras sem nádegas,
ou, cortar as mãos aos alunos...
Tratava-se de Tomás de Melo Breyner, antepassado
de um jornalista hoje em foco por metáforas "insultuosas"
***
Momento artístico
“Memória de Maria Josefa Alba”
de
Ana Bastos
Paula Freitas, do Teatro do Castelo, apresenta Ana Bastos,
promissora jovem que escreveu e interpretou
de forma surpreendente o monólogo
“Memória de
Maria Josefa Bastos”
Ana Bastos, ainda como amadora, ofereceu-nos
uma interpretação notável de presença em palco
Maria Josefa Alba é a personagem da Avó na peça
“A Casa de Bernarda
Alba”, de Garcia Lorca.
Notável para uma jovem de 18
anos, não se intimidar por se tratar de Lorca, estudar a peça e construir o monólogo da suposta
memória da velha personagem da peça
Ainda jovem, augura-se uma carreira de elevada qualidade
que teremos todo o gosto em acompanhar!
***
Por fim,
o inigualável buffet d’ iguarias
nas despedidas até Outubro
Com os "petiscos" abre-se o convívio
e aprofunda-se o espírito da tertúlia
Um belíssimo arroz doce, sinal auspicioso para uma merecias férias!
O silêncio cai sobre o palco
a sala vai ficando deserta
e Gil, encerra mais uma temporada!
Bons ventos nos levem até outros mares
e nos tragam, em Outubro,
revigorados para nova temporada
no
SANTIAGO ALQUIMISTA!