domingo, 27 de janeiro de 2013

2013, Jan. 24

No Santiago Alquimista

JOSÉ MANUEL FÉLIX RIBEIRO

ajuda-nos a entender algumas das desventuras que ameaçam a Europa

"A ALEMANHA E A REFORMATAÇÃO DA EUROPA:
CONVIVENDO COM A INCERTEZA"




Além da conferência de Félix Ribeiro, 
o cartaz  incluía ainda um momento de humor
para recuperar do choque da (previsível)
confirmação de que o céu nos pode cair em cima...



A mesa completa para a sessão 
que se adivinhava de peso

Abrindo a sessão de muletas, Adolfo Gutkin explica que o facto 
se ficou a dever a percalços em recente "caçada aos elefantes" em África... 

Correia lá se aventurou a apresentar o Mestre, 
referindo o enorme prestígio de Félix Ribeiro 
no campo da prospectiva estratégica...


A dimensão da tarefa obriga 
a inspirar-se nas alturas...


No seu estilo calmo e esclarecido, como que a 
desculpar-se de estar a dizer coisas evidentes, 
Félix Ribeiro (FR) surpreende pelo sentido lógico 
dos cenários que apresenta


Logo na abordagem dá nota de duas "reciclagens" que explicam o essencial das actuais relações de força: os circuitos económicos e financeiros 
entre os países asiáticos e os EUA, por um lado, 
e entre a Alemanha e os países do sul da Europa, por outro.


Geram-se assim dependências mutuas entre os 
excedentes de uns e os défices crónicos de outros: a desindustrialização americana leva a adquirir produtos aos países asiáticos com dólares depois utilizados na compra do défice americano; 
semelhante dependência se gera na Europa onde as exportações alemãs são principalmente adquiridas pelos países do sul da Europa gerando défices financiados pelo sistema bancário dos países do "norte"


Destacam-se assim os papéis fundamentais  da China e da Alemanha 
(a "China da Europa")
A liderança de Deng Xiaoping na China nos finais dos anos setenta e a reunificação da Alemanha, no final dos anos oitenta, foram factores decisivos para a radical alteração do papel desses dois países no mundo e do peso que passaram a ter na economia mundial

Por sua vez, as relações entre esses dois países caracterizam-se também por elevada interdependência; a Alemanha tem capacidades muito adaptadas às necessidades da China. 

Hoje os mercados mais dinâmicos (com maiores taxas de crescimento) para as exportações alemãs situam-se fora da Europa - China, Rússia, Índia, Turquia, etc. Em contrapartida apoia a abertura dos mercados europeus a produtos desses países muitas vezes substituindo os tradicionalmente produzidos no sul da Europa. 
Em relação a Portugal, também a abertura dos mercados do leste europeu após a queda do muro, significou a inversão do investimento alemão no nosso País, muito significativo durante décadas. 

Não obstante o sucesso das suas exportações, a Alemanha debate-se com um "pesadelo" no sistema bancário e "choque" de visões dos seus cidadãos. 
Muito curiosa a imagem do dia típico da chanceler, recebendo de manhã os exportadores dando conta dos seus sucessos; à tarde, receberia os banqueiros queixando-se amargamente do inêxito das suas aplicações financeiras que alimentaram bolhas que entretanto têm vindo a rebentar; também os representantes dos cidadãos dariam notas de preocupação pelas contradições sociais que enfrentam; por fim, já de madrugada, receberia uma chamada do outro lado do atlântico, de um presidente recém-eleito, lembrando-lhe a importância de não deixar abortar o projecto europeu...
Nada fácil!

Como pano de fundo da actual situação, FR lembrou a exposição dos sistemas bancários dos países do norte à crise da dívida dos países do sul. Nessa perspectiva, percebe-se que será essencial não deixar "ir ao tapete" a Itália e a Espanha evitando o arrastamento dos sistemas bancários dos países "financiadores". Assiste-se por isso, a um afã redutor dessa exposição de alto risco

Em boa verdade, os primeiros dez anos da moeda única até correram bem, todos éramos alemães...
As taxas de juram baixaram para níveis históricamente reduzidos e o acesso a financiamentos era fácil, num mundo com liquidez a abarrotar.
O drama deu-se com o deflagrar da crise do subprime, lá longe na América...Num primeiro momento (2008) a orientação da UE foi a de aumentar as despesas públicas; mas com a drenagem da liquidez nos mercados internacionais rápidamente a crise chega ao euro e é o descalabro das dívidas soberanas,  com o cortejo de desgraças a que temos assistido e sentido na pele.





A finalizar, Félix Ribeiro lembrou que, em geral, se espera que a Alemanha reformate a Europa, o que ela não quer assumir, mas pretenderá impor o chamado pacto orçamental para "disciplinar" as políticas orçamentais dos países mais faltosos. 
Por fim, a influência americana e a acção da liderança do BCE têm contribuído para a evolução um pouco mais favorável da situação na Europa.
Mais uma vez, a "pressão" americana ajuda a salvar a Europa e talvez o céu não nos caia em cima (para já...)


***
O habitual momento artístico teve o humor

 de


JOSÉ GIL


(Teatro do Castelo)



Preparando o improviso



Ainda se notam os sinais de preocupação após a "leitura das estrelas"...



Mas Gil encarrega-se de atacar com o seu refinado sentido de humor...



...impenetrável às ameaças de chinesices asiáticas e europeias...





a assistência anima e solta-se...


Mestre Gil deu mais uma lição de "bem estar" com a vida.



***


E depois, o  delicioso
buffet  de petiscos...








O "czar dos palcos" sobe a pulso as escadas da "alquimia"!

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